O
debate sobre o uso de agrotóxicos ganhou um novo capítulo, e ele não é bom para
o Brasil. Estudo inédito revelou o abismo que existe entre a legislação
brasileira e a da União Europeia sobre o limite aceitável de resíduos na água e
nos alimentos.
O Brasil consome cerca de 20% de todo agrotóxico comercializado
mundialmente (PELAEZ et al, 2015). E, ressalta-se, este consumo tem aumentado
de forma muito significativamente nos últimos anos.
O consumo total de agrotóxicos no Brasil saltou de cerca de 170.000
toneladas no ano de 2000 para 500.000 toneladas em 2014, ou seja, um aumento de
135% em um período de apenas 15 anos.
De acordo com Pelaez, V. et al, 2015: A partir dos anos 2000, o Brasil
tem apresentado a maior taxa de crescimento das importações mundiais de
agrotóxicos, transformando-se no segundo maior mercado nacional, com vendas da
ordem de U$$ 11,5 bilhões em 2013 (SINDIVEG, 2014), e no maior importador
mundial, com um valor de U$$ 3 bilhões nesse mesmo ano). (PELAEZ, V. et, al
2015, p 155).
Embora a média do Brasil seja em 8,33 kg por hectare como é possível
verificar no Mapa “BRASIL – Uso de Agrotóxicos – Quantidade Utilizada”, para o
período de 2012 a 2014, há diferenças regionais. Nos casos dos estados de Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, este número figura em 12 e 16 kg
por hectare.
Segundo o Ibama, os 10 ingredientes ativos mais vendidos em 2014 foram:
Ingredientes
Ativos
|
Venda
(tonelada de IA)
|
Ranking
|
Glifosato e seus sais
|
194.877,84
|
1º
|
2,4-D
|
36.513,55
|
2°
|
Acefato
|
26.190,52
|
3º
|
Óleo mineral
|
25.632,86
|
4º
|
Clorpirifós
|
16.452,77
|
5º
|
Óleo vegetal
|
16.126,71
|
6º
|
Atrazina
|
13.911,37
|
7º
|
Mancozebe
|
12.273,86
|
8º
|
Metornil
|
9.801,11
|
9°
|
Diurom
|
8.579,52
|
10°
|
De acordo com PALAEZ et al: a União Europeia implantou, em 2011, um
marco regulatório mais restrito para os agrotóxicos, fazendo com que uma série
de indigentes ativos esteja em fase de banimento na região do bloco econômico.
Isso traz implicações para a indústria de agrotóxicos instalada no Brasil, na
medida em que as empresas multinacionais tendem a realocar parte da sua
produção para mercados menos restritivos.
Os dados deste artigo foram oriundos dos sites descritos abaixo, e em
grande parte do extraordinário trabalho da professora Larissa Bombardi, geógrafa,
formada na Universidade de São Paulo, com mestrado e doutorado no Programa de
Pós Graduação em Geografia Humana – USP. Atualmente é Professora do
Departamento de Geografia da USP.
Fontes
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